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Como já tinha dito, agora eu quero polemizar…
Calma gente, vamos devagar.
Guardem seus tomates para o fim do texto [sem pedras, por favor].
Leiam tudo, depois a gente brinca de tiro ao Sérgio…
Design de Sobrancelhas? Design de bolo?
[Aviso que esta é uma teoria minha, baseada na minha vivência e em alguma leitura, portanto não precisa levar muito a sério. Pesquisando na internet vi que alguns concordam com essa visão, mas futuramente vou procurar referências em autores acadêmicos]
Uma das coisas que separa o DESIGNER de outros FAZEDORES DE COISAS [que casualmente podemos chamar de dezáiners, desingner ou outras variações] é a clara distinção entre projeto e execução.
Lembre-se que, apesar de não se limitar a isso, o termo “design” está intimamente ligado ao conceito de projeto.
É claro que existem exceções para todos os lados, mas a grande maioria dos casos segue este princípio.
Por exemplo:
É percebido um problema resolvível pelo designer. Este cria um projeto levando em conta as diversas causas, as menores consequências, cada detalhe normalmente ignorado e outras inúmeras variáveis envolvidas.
Somente então, com o projeto bem estruturado, passa para a execução, que pode inclusive ser feita por outro profissional.
Quando vemos termos como design de bolo [ou cake design, se preferir], voltamos à primeira questão levantada nesta série de artigos ##, a limitada visão da atuação e das capacidades do designer.
Acredito que aplicações como essa sejam aplicações muito restritas/simplistas para serem chamadas de design.
A ideia de que o “designer” vai só fazer um bolo bonito, pouco importando todo o contexto em que o problema-bolo se apresenta e todas suas possíveis soluções.
Alguém encomendou um bolo de tal forma, com tal tamanho, cores e detalhes. O designer se limita a fazê-lo. Não há uma uma distinção entre as fases de projeto e de execução.
Isso impede que um Designer bom de serviço faça um projeto para um bolo?
Claro que não!
Isso continua sendo design?
Talvez...
E porque com ele é design e com a fazedora de bolos não?
Bem… aí é que a coisa complica…
Posso até ter uma resposta para isso, mas este artigo já está grande demais.
Não duvido que existam profissionais como maquiadores [make design?] que graças a conhecimentos em diversas áreas como estética, teoria das cores e anatomia levam em consideração inúmeras variáveis para desenhar a sobrancelha ideal para cada cliente, mas não é o que vemos comumente por aí.
A discussão se este profissional pode ser chamado de designer seria muito válida, mas nosso foco aqui é outro. Vamos deixar para outro dia, se quiserem ;)
Mas já sabem da minha opinião…
...
Esses designers, na prática, no dia-a-dia, são simplesmente pessoas que retiram fios não desejados das sobrancelhas alheias, para no final simplesmente fazer algo mais bonito, bem feito ou realçar a forma já existente.
Por mais que de fato o façam muito habilmente na maioria dos casos, não existe mudança, não existe complexidade nem projeto. Só execução.
E o mesmo vale para bolo, unha, cabelo, maquiagem [está percebendo uma tendência aqui?], e outras especialidades que nem nunca ouvi falar.
Isso não se limita apenas a profissionais da estética ou da cozinha. No design gráfico temos um exemplo similar: O diagramador.
O diagramador pode ser um designer?
Pode
O que ele faz no dia-a-dia?
Adequa determinado conteúdo [texto e imagens] a um formato [jornais e revistas], seguindo uma série de regras pré-estabelecidas.
E isso por si só é design?
Não.
Alguns podem dizer que posso estar parecendo injusto.
Vamos então pensar em como seria o processo completo de um projeto de design de unhas…
Uma cliente chega, querendo pintar as unhas. Mais do que isso, ela quer fazer algo diferente dessa vez.
A nail designer então faz algumas perguntas e sugere um desenho. A cliente topa e partem então para a execução.
Findada a pintura, podemos perguntar à profissional:
- Porque ela fez aquele desenho?
- Porque escolheu essas cores?
- Porque fez determinado acabamento?
- E aquele detalhe da unha diferente?
Se as respostas forem: porque a cliente quis, gosta ou está super in, me parece que não estaremos diante de uma designer…
No máximo uma hábil desenhista de unhas.
Isso porque ainda não pegamos pesado nas perguntas:
- Quais mensagens você passou em seu trabalho?
- Você sequer cogitou a ideia de que uma unha bem feita não fosse a coisa mais adequada para as necessidades da cliente?
- O que você poderia ter feito de diferente para a cliente?
…
Percebem?
Pessoalmente acredito que isso possa ser design caso esteja inserido em um contexto maior. Como a criação de um personagem, figurino, ou até a aparência de uma pessoa [visagismo], por exemplo.
Isso proíbe alguém a se especializar tanto que possa ser de fato chamado de designer de unha?
Alguém especializado em fazer somente o mesmo tipo de coisa, com o mesmo estilo, pode ser chamado de designer???
Tá, agora deu nó, né?
E o sobrinho?
Há quem diga que a existência dos famosos “sobrinhos” [filho da vizinha, e outras variáveis. Alguém razoavelmente jovem e próximo, geralmente mais íntimo de computadores e que sabe mexer nos programas] e dos chamados micreiros [um profissional que sabe mexer nos programas] é a causa de todos os importunos.
Eu sei que já os incluí em uma lista anterior ###, e pode parecer contraditório, mas não acho que a existência deles em si seja a causa dos problemas.
Acredito que a existência desse grupo profissional é [em parte] válida porque existe mercado para todos.
Agora, se formos falar da proliferação e dominação do mercado por parte desse pessoal, aí sim podemos ter problemas.
[Sei que estou exagerando quando digo ‘dominação do mercado’, talvez o mais certo seria ‘generosa fatia de mercado’ ou coisa assim :P ]
É importante perceber que isso é consequência da falta de cultura visual e do conhecimento das reais capacidades de designers capacitados.
Novamente caímos no problema que surge quando o empresário desconhece o que é um trabalho de qualidade e/ou se acostuma com um nível menor nas entregas dos ditos “profissionais” e passa a acreditar que esta é a norma.
Este exemplo nos revela outro ponto: Nem todo problema necessita de um designer bom [e caro] para resolvê-lo.
Não podemos proibir um micro-empresário com pouco capital de investir em design. Mesmo que não seja trabalho tão bem elaborado quanto poderia ser.
Como sempre digo:
Todo cliente tem o profissional que merece, que necessita, ou que pode pagar.
1- Todo cliente tem o profissional que merece:
Como já foi dito, existem clientes que não investem em design por acreditar que é um custo alto e desnecessário. Que apesar de saber das vantagens, incluindo as comerciais, não acredita ou não tem coragem de investir.
Esse é o cara que pode, sabe do que estamos falando, mas não quer.
2- Todo cliente tem o profissional que pode pagar:
Nem todo cliente tem fundos suficiente para investir em um profissional caro e que sem dúvidas resolveria seus problemas.
Isso é plenamente aceitável e não deve ser empecilho para investir em um mais barato, que resolva os problemas parcial ou momentaneamente.
O dono de uma barraquinha de cachorro quente provavelmente nunca vai conseguir pagar um escritório renomado, mas sim ao vizinho dele que “mexe com essas coisas”.
3- Todo cliente tem o profissional que necessita:
No exemplo anterior, suponhamos que o senhor cachorro-quente por acaso conseguisse verba suficiente para pagar o dito escritório renomado de design para fazer a marca, placa e cardápio da barraquinha.
Ficaria lindo, pode acreditar.
Pagaria o investimento?
:/
Quais vantagens haveria em uma lojinha do centro da cidade contratar o melhor designer do Brasil ao invés do Zé das Couves que fez um cursinho de uma semana em algum software?
Faria diferença no resultado final da peça? Sim, sem dúvida.
Essa diferença traria muito mais retorno financeiro e justificaria o investimento?
Provavelmente não…
Não se não viesse acompanhada de investimentos em outras áreas, mas deixo essa discussão para outro post [de novo…]
Leia a série completa
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